domingo, 25 de março de 2018

ERVAS PARA A ESQUERDA

Por Adriano Camargo, O Erveiro da Jurema
adriano@ervasdajurema.com.br
www.erveiro..com.br

O maior desafio de escrever sobre as ervas é passar para o papel, transformar em palavras, o sentimento que aflora ao manipulá-las. Sabemos que, no contexto religioso, há regras para essa manipulação. O preparo dos banhos e defumações requer ligação a esse contexto e respeito às essas regras.
No entanto, as ervas estão à disposição dos que se conduzem pelo amor e bom senso. Respondem ao propósito do seu manipulador e colocam-se como poder realizador na vida humana.
Identificar a relação Erva x Orixá é uma arte e os grandes artistas têm contribuído significativamente para nossa cultura. É importante lembrarmos que o que vale nessa identificação é o ponto de vista. A partir do ponto de vista é que se estabelece essa relação. Se o manipulador, em seu contexto religioso, não cultua nossa amada mãe orixá Egunitá – Oro Iná, como ele poderia identificar uma erva ligada a essa mãe? Muito da identificação das ervas passou pelo crivo do bom senso, cultura, ponto de vista, conhecimentos, habilidade e atitudes dos seus identificadores.
Uma erva que foi usada em seu aspecto negativo para paralisar a evolução de alguém, naturalmente pode ser associada erroneamente a Exu, pois a ele se atribuem todos os aspectos negativos dos seus evocadores humanos. No entanto, essa erva pode pertencer a um orixá de direita, a Oxalá, por exemplo, e ser manipulada por Exu apenas em seu aspecto negativo. Isso é mais comum do que imaginamos.
Associar, atribuir e definir uma erva como sendo de Exu, Pomba Gira ou Exu-Mirins, é no mínimo passível de analise mais profunda, pois esses Mistérios Divinos respondem pelos aspectos negativos de toda a criação.
Podemos, sim, associar ervas a essas entidades, e defini-las como “preferenciais”. Essa preferência se dá principalmente pela velocidade que responde em sua ativação. Existem ervas que respondem mais ou menos rápido, dependendo do Orixá, linha de trabalho, ou melhor, a energia de propósito a qual é submetida. Vou dar um exemplo: a rosa branca é atribuída a Oxalá, tradicionalmente, certo?
Todas as rosas são de Oxum. O que define seu melhor (ou mais rápido) envolvimento vibratório é o pigmento contido em suas pétalas, que indicam seu campo energético de ação, resumindo, seu Orixá. Então temos, rosa branca é de Oxum e de Oxalá. Mas também é possível oferendar Mãe Iemanjá, assim como caboclos, pretos-velhos e crianças aceitam essa rosa como oferenda.
Assim funciona uma erva de Exu. Sendo o manipulador dos aspectos energo-magnéticos negativos dos elementos, poderia até manipular uma rosa branca. Mas a velocidade que essa rosa responderia iria contra os propósitos de Exu.
Já a rosa vermelha é exatamente igual. Pertence a Oxum por definição, é manipulada por Pomba Gira em seu aspecto “estimulador”, mas pode ser associada também às vibrações ígneas.
Pomba Gira tira das rosas vermelhas em velocidade incrível aquilo que precisa para seus trabalhos no plano material. Sendo assim, a associação natural de rosa vermelha com Pombagira está corretíssima. Mas podemos oferendar Mãe Oxum e outras mães orixás com rosas vermelhas, ok. Vamos dar algumas ervas preferenciais dessas vibrações à esquerda:

Orixá Exu
Ervas preferenciais: Casca de alho, casca de cebola, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, entre muitas outras.
Verbos atuantes: Vitalizar, desvitalizar, escurecer, sufocar, extinguir, arrastar, atrofiar, separar, dividir, cair, cobrar, convencer, obstruir, tapar, etc.

Orixá Pombagira
Ervas preferenciais: Patchouly, malva rosa, rosa vermelha, canela, amora, hibisco, pitanga, entre muitas outras.
Verbos atuantes: Estimular, desestimular, desenvolver, alegrar, esterilizar, excitar, etc.

Orixá Exu Mirim
Ervas preferenciais: Casca de alho, casca de cebola, carapiá, laranja seca, limão, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, entre muitas outras.
Verbos atuantes: Ganhar, ocultar, complicar, descomplicar, desenrolar, etc.

JUS 165 - 02/2014

domingo, 18 de março de 2018

Filho de fé, respeite o preceito!

PRECEITO: s.m. Aquilo que se aconselha fazer ou praticar; regra, ensinamento: os preceitos da religião.
 Ação de prescrever; prescrição.
Religião. Norma ou mandamento.
(Etm. do latim: praeceptum.i)


Toda profissão, todo esporte, toda lei, toda religião tem seus preceitos. Parece-me que a vida humana e social é regida dentre outras coisas de preceitos.

Não é diferente na Umbanda, todo umbandista do mais veterano ao mais novato sabe dos preceitos básicos para participar de um trabalho espiritual e é talvez uma das poucas coisas que são igualmente presentes em todos templos de Umbanda, diferenciando apenas um ou outro preceito mais específico de templo a templo.

Embora seja algo de conhecimento comum, observamos muitos negligenciarem preceitos fundamentais, ou seja, de fundamento.

Vivemos um período novo na Umbanda, de muita comunicação, de farta informação, estudos e acessos, no entanto, o ônus disso é muitas vezes a confusão, a dispersão ou mesmo a negação daquilo que é tradicionalmente fundamental em detrimento de uma “nova” consciência.

Hoje encontramos discursos inflamados e até mesmo bem construídos querendo desconstruir preceitos que são o que são porque foram assim ensinados pelos espíritos na Umbanda.

Alegar parafraseando Jesus, que o mais importante é o que sai pela boca e não o que entra validando comer carne e beber álcool em dias de trabalho espiritual é uma grande falta de entendimento básico sobre o que é preceito, bem como um ato de ignorância diante a mística da religião.

Sei que existem preceitos sem precedente e outros bem exagerados, talvez na minha ótica, pois não os pratico em meu Templo, porém o fato de eu não conhecer ou praticar, isso não invalida um preceito particular.


Realmente precisamos distinguir o que é preceito e o que é superstição, talvez seja aí onde nos esbarramos com muitos conflitos.

Preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o fiel numa dinâmica mais profunda com sua espiritualidade. Muitas vezes pode parecer até purgativo e quanto mais difícil parecer um preceito, mais eficácia reflexiva ele oferece ao fiel. Pois é, na proibição daquilo que lhe é rotineiro em função de algo maior, lhe faz refletir sobre a diferença entre o Sagrado e o Profano, sobre sua capacidade de dedicação e comprometimento, sobre a sua disponibilidade em ser mais eficiente e mesmo sobre a real importância da religião na sua vida. Já vi muitos casos de pessoas se reformarem ao observar com dedicação os preceitos.

Para vegetarianos o preceito de não comer carne um dia antes do trabalho espiritual não significa nada, ele de certa forma vive este preceito todos os dias, este indivíduo não precisa abrir mão de nada neste caso, de modo que não propõe nenhuma reflexão no período.

Numa ótica litúrgica, preceitos tem portanto o objetivo que religar (religare) o fiel com o Sagrado. No entanto, como na Umbanda existem questões mais complexas, consideramos o plano das energias e todos e tudo como energias, então os preceitos contemplam as particularidades que viabilizam maior sutilização e purificação do campo energético e magnético daqueles que participam do trabalho espiritual.

Perceba que em nenhum momento digo que os preceitos servem apenas aos médiuns, embora muitos acreditam que sejam. Um erro. Os preceitos servem para todos que compõem o corpo interno de trabalhadores da Gira, ou seja, médiuns, cambones, curimba e todos com qualquer outra função que estejam participando diretamente do trabalho espiritual, portanto somente a consulência está livre das orientações preceituais.

Então compreenda que os preceitos não são opcionais e tem fundamento.

Abaixo listo alguns preceitos básicos e comuns:

Banho de Ervas – antes de ir para o Templo, tem como objetivo limpar e sutilizar o campo energético em camadas mais superficiais. O modo de preparo e as ervas a serem utilizadas é específico a cada Templo;

Carne – não comer carne 24hs antes do trabalho espiritual, no mínimo 24hs. E é todo tipo de carne. Tem como objetivo minimizar os impactos vibratórios densos mais internos ocasionados pela ingestão destes alimentos. A carne é impregnada de energia densa, por conta do sangue, muitas vezes do sofrimento no abate e criação. Sua digestão também é lenta e isso altera nosso metabolismo e faz concentrar muita energia na digestão. Após 24hs nosso campo energético já terá metabolizado este magnetismo e retomado o padrão;

Ingestão Alcoólica – o elemento etílico é potencialmente densificador vibratório e magnético, impregnando o campo áurico de uma energia desestabilizadora. Após ingerir bebida alcoólica desde que moderadamente, demora cerca de 24hs para ser metabolizado pelos chakras e o padrão vibratório se restabelecer;

Relação Sexual – evitar relação sexual 24hs antes dos trabalhos. Muitos questionam que se praticam o sexo com parceiro fixo, cheio de amor, então deveria ser revisto este preceito. Esta ideia tem como precedente uma visão errada do sexo de que seria ele algo nocivo. Mas não se trata nada disso.

A observação deste preceito se dá, pois com ou sem amor, na relação sexual o campo energético em todas escalas é inundado pela energia do parceiro, alterando completamente a estrutura magnética do seu campo vibratório, o que dificulta a fusão magnética entre as entidades e os indivíduos. Após 24hs já terá sido metabolizado e restituido o padrão magnético do indivíduo.

Existem muito outros preceitos mais específicos. Aqui pontuei superficialmente os 4 básicos que encontraremos em qualquer templo.

Sendo assim, fica o alerta para que você filho de fé da Umbanda, observe, respeite e pratique com empenho os preceitos. Isso lhe dará maior consciência religiosa, maior entrosamento espiritual e é uma das dinâmicas construtoras de uma espiritualidade religiosa mais refinada.

Ser Umbandista é contemplar em prática diária com amor, tudo aquilo que aprendemos no Templo.

Salve a Umbanda, Oxalá nos abençoe!
Por Rodrigo Queiroz, dirigente Instituto Cultural Aruanda, Bauru-SP

domingo, 11 de março de 2018

QUARESMA, CUIDADO #SQN


por Rodrigo Queiroz em Umbanda ead
JUS mar/17

ASSUNTO DE GRANDE provocação,
que mantém uma cisão de opiniões e
por isso se faz necessária a reflexão.
Ano após ano, a Quaresma sempre é assunto entre umbandistas
que se dividem em opiniões do tipo ‘pode ou não pode o terreiro
manter as atividades espirituais?’ Alguns grupos ainda consideram
que pode em casos de emergência. Penso então: ‘o que é um caso
de emergência?’ Como mensurar isso? É curioso que mesmo os
mais maleáveis, na prática, ficam receosos.
É certo que algo acontece neste
período, fruto de uma egré-
gora atmosférica que se cria
em torno do preceito católico.
A Umbanda é fortemente influenciada
pelo Catolicismo
e acontecem duas situações
por herança cultural nos dias
de hoje.
Uma é que pela simples influência litúrgica de terreiros que adotam
pontualmente preceitos da Igreja, incorporam o recolhimento
das atividades neste período. Outra é que quando a religião ainda
era perseguida e mesclava-se os cultos era necessário seguir tal
preceito para não chamar atenção - isso foi mais predominante
nos Candomblés para ser mais exato.
O ponto nevrálgico da discussão - que fique claro, respeito todas
as particularidades da nossa plural religião - é se tem ou não fundamento
tal preceito. Como dito acima é mera influência, mas é
curioso o discurso que justifica a adesão que muitas vezes é pura
fantasia mítica, e outras é uma suspensão de responsabilidade.
Exemplo: ‘Os kiumbas (eguns)
ficam soltos’.
Oras, sendo assim se faz mais necessário o trabalho espiritual
acontecer para garantir as defesas e a harmonia espiritual da
comunidade religiosa. Mas tem algo ainda mais amedrontador:
‘Os Guias de luz ficam recolhidos também!’ ��
Isso não é verdade… Ocorre que todo argumento tenta apenas
validar a adesão ao preceito que não é da religião de Umbanda.
Sabemos que os praticantes de magia negativa usam este período
para intensificarem suas atividades nefastas e perversas, corroborando
com o consciente coletivo e de certa forma alimentando
uma atmosfera mais densa nesta realidade vibratória.
Portanto, observando tal movimentação, o
mais natural na Umbanda é que se intensifique
as atividades da casa, estimulando
e mantendo a vigília espiritual e comportamental
de sua comunidade. A Umbanda
é uma religião mediúnica, que tem grande
atividade mágico-religiosa sua principal
atuação no combate às trevas; recolher-se
diante o enfrentamento não é da natureza
da Umbanda.
Acima de tudo, nada deve ser temido ao umbandista;
um filho de Umbanda não deve temer espíritos vagantes
ou magias negativas ou qualquer discurso amedrontador, pois
além de ser típico de uma infantilidade espiritual indica também
grande desconhecimento.
Os Orixás, os Guias espirituais e a
mediunidade não têm nenhuma
relação com a Quaresma e, para
confirmar isso, basta se permitir, é simples assim.
Eu vim de uma Umbanda do medo, onde a Quaresma é um terror!
Lembro-me que passava os dias quase enclausurado, tinha medo
de sair e “pá” pegar um obsessor. Com o tempo descobri que só me
pega aquilo que permito, que minha segurança é minha fé e meu
comportamento, que minha força é meu coração e que para espiritualidade
nossos dogmas terrenos são só nossos dogmas. Então
rompi com isso e pasmem! Continuo vivo e sem nenhum obsessor.
O estudo é o caminho para a saúde mental e espiritual de um
umbandista. Experimente estudar e sair da margem dos achismos
e das fantasias passadas boca a boca entitulados como tradição.
Folclore, Lendas e Mitologia também são um processo de tradição…
“A tradição de se fechar os Templos
de Umbanda quando não havia
liberdade de crença não tem razão
de ser no mundo atual. Muito ao
contrário, é nessa época que NÃO
DEVEMOS PARAR; é nessa época em
que a Quimbanda maligna trabalha
à vontade, que o Templo deve estar
preparado para que, com o auxílio
das entidades de Luz, denunciar
qualquer trabalho negativo que tenha sido feito para
atrapalhar seus filhos de fé ou freqüentadores.”
– Pai Ronaldo Linares

quarta-feira, 7 de março de 2018

VOLTAMOS A ATIVA

Anuncio que o blog volta hoje a ativa e espero que assim se faça. Tive alguns problemas nas postagens em conseguir entrar no blog, tirando algumas rasteiras que a vida andou me passando e mais alguns desafios mas estamos de volta.

É muito dificil manter uma constante em criar textos sabe!

e a maioria deste blog foi criado por mim e pela nossa dirigente Simone, que de fato é e sempre esta muito ocupada, muito mais agora que nossa terreira ESTA LINDA E GRANDE!!!

Claro! a tendencia é crescer mais e mais, eu como médium neste meio tempo me tornei sacerdote, passei todo meu cruzamento de exu tranquilo, e para quem acha que preceitos são ruins ou confrontadores, não queira imaginar um "pós-ceito" como falou minha pombagira uma vez...

Eu ainda permaneço em testes de exus, em me auto conhecer, é ruim? É APAVORANTE!
Imagine nem é tanto assim, mas você acaba aprendendo a viver dentro de uma tempestade e agora estou vendo um pouco de terra firme e quer nascer um arco-iris. Se for pra dizer o quanto evolui, tipo hj tenho 33 anos carnais, minha evolução estava na faixa dos 15 anos, (?!?!?!!?) hoje devo estar com uns 40 anos de evolução (*rs*) ou assim me sinto.

Valeu a pena a tormenta? VALEU MESMO

é como se você se atirasse de uma ponte esperando cair na agua e refrescar a tua adrenalina e a agua não chega, mas um dia a consciencia vem, e percebe que apenas esta enfrentando um reflexo feio e sujo de si mesmo, e digo, é algo que doi mas algo unico, vale a pena.

E esteja preparado! pq não é só na umbanda (ou com umbandistas) que acontece isso, diariamente com variadas pessoas acontece. Então o que tem de tão especial em ser umbandista?  A TOMADA DA CONSCIÊNCIA.

Vejo pessoas que vivem nesse ciclo de enfrentamento por anos a fio, eu levei bem pouco tempo se comparado (ainda não terminou estou em tratamento, porém me sinto desperta).

E isso me fez perceber mais ainda a importância da  umbanda entende? Pois ela é tão sutil que parece pacata mas quando necessária de verdade ela é uma bomba atômica.

Eu que não aceitava muito bem minha ancestralidade passei a aceitar bem mais, e rogar por ela de modo mais intenso, e hoje sou todinha de minha mãe. E vejo o quão essa senhora Orixá é forte e linda! e o quanto me quis bem! (não vou falar mais pois vou chorar)

Mas a umbanda é isso, é um crescimento que nem quando pensamos "terminei", quando se coroa sacerdote, eita não sabe de nada, a recém iniciou tua caminhada dentro dos demônios de si mesmo. e olha que acho q eu estou passando pelo primeiro deles!

Umbanda é a arma Que Deus nos entrega para nossa ai sim aprendizagem, (meu marido diria que é Geburah em nossa caminha espiritual dentro da umbanda *rs*) e é sim.

Bem já fiz minhas delongas pois de fato é um texto/desabafo/anuncio muito louco *rs* e pretendo quando sair dessa de vez contar tim tim por tim tim ok? É algo bem interessante

MINHA proposta é colocar um texto por semana por mais q um seja original e outros copilações de outros autores de umbanda sagrada (e espero não esquecer das referencias e assim pretendo então vc autor se esqueci da referencia não foi por maldade ta? eu sou mesmo muito avoada)

Desejo a todos boas leituras e estudos

Abençoado seja cada um e muito Axé

KATIA; Sacerdote de Umbanda