domingo, 13 de maio de 2018

KABBALAH & TERREIRO DE UMBANDA

Texto do Médium Jiovane Ferreira de seu blog: https://oveudeparoketh.wordpress.com/…/kabbalah-e-o-terrei…/

Saudações a todos.

Durante minhas palestras e aulas de Kabbalah eu sempre gosto de utilizar de exemplo o Terreiro de Umbanda para exemplificar alguns trajetos na subida da árvore. Sei por experiência própria que Kabbalah Hermética não é um assunto de fácil assimilação para a grande maioria e que um exemplo aplicado na pratica ajuda muito, especialmente por que o grande segredo é saber aplicar o conceito ao seu dia a dia.

Então vamos lá, começando da esfera mais densa ao mais sutil e elevado.

Malkuth: O Reino, a esfera da Terra, representa todo o Plano Material, sendo tanto a porta de entrada quanto a porta de saída para os mistérios superiores. Aqui é o lar das pessoas adormecidas, sem imaginação, o Mundo dos Trouxas de Harry Potter, das pessoas que não acreditam em magia, não possuem contato algum com sua própria essência ou espiritualidade. Completamente adormecidos e dominados pelas egrégoras do status quo. Aqui as pessoas acordam, trabalham, são infelizes, trabalham, gastam seu dinheiro, são infelizes, dormem, acordam, infelizes, trabalham…. em um ciclo sem fim e sem sentido algum em suas existências, sem tempo algum para o trabalho mais importante de todos, o trabalho interno. Em um Terreiro nada mais justo do que representar a esfera de Malkuth com o lado de FORA do Templo. São todas as pessoas que passam diariamente nas portas do Templo e nem pensam em entrar, não se dão ao trabalho nem por curiosidade de entender o que esses tais médiuns incorporados estão fazendo. E eu digo, aposto que tem pessoas que nem SABEM que existe um Templo naquele lugar, mesmo passando diariamente na frente…

Yesod: A esfera da Fundação, ela representa a fiação por detrás do interruptor de luz, é o próprio Mundo Astral por um lado, mas por outro lado também é o primeiro grau de consciência de quem busca o Caminho da Iluminação. Aqui o Iniciado ganha consciência de que existe uma Luz mas ainda não consegue olhar para ela diretamente, é o primeiro passo do Iniciado que ganha conhecimento da Magia. Dando os primeiros passos para dentro do Templo, iniciando o trabalho de si mesmo, em direção a esfera Solar. Dentro de um terreiro esta esfera representa todo o lado Astral e quem frequenta sabe que maior parte dos trabalhos de uma gira acontece no plano lunar de Yesod. Mas representa também todos aqueles que romperam o primeiro Véu e sentiram-se instigados a participar mais ativamente, seja assistindo com frequência as giras, seja participando das aulas e doutrinas oferecidos, seja mesmo com o desejo de fazer parte da Corrente Mediúnica. O que importa é que o candidato a Iniciado vai a partir da esfera de Yesod, trabalhar seus símbolos e suas emoções cada vez mais, e neste caminho ou ele vai avançar ou ficará para trás retornando à esfera de Malkuth.

Hod: A esfera do Intelecto da Comunicação, da Razão, dos Símbolos e da Lógica, base do Pilar do Rigor. Ela representa todos os símbolos e todos os meios por qual nós expressamos as emanações que vêm de Netzach. É a escrita do texto, é a letra da música, é o código do programa, são as fórmulas matemáticas. E em essência todos os símbolos por qual expressamos idéias. Quanto maior seu conhecimento em Hod, melhor é capaz de formular e construir seu Universo. Em um Terreiro, representa todo o código de conduta, todos os rituais, as doutrinas, os livros, os ensinamentos, é nesta esfera que o Iniciado aprende todos os símbolos necessários para o que escolheu fazer. São todos os Cruzamentos e Apresentações, sem os quais, não será capaz de expressar corretamente as idéias espirituais, pois é Hod o mensageiro.

Netzach: Ao lado de Hod, no mesmo eixo horizontal encontra-se a esfera de Vênus, a esfera do Amor e das Emoções, na base do Pilar da Misericórdia. Se Hod representava todo o código e símbolos, Netzach vai representar todo o sentimento que o símbolo carrega, é a melodia da música, é o sentimento ao ler um poema e ao ouvir uma opera, é o sentimento de ouvir uma música em uma língua estrangeira e ser capaz de sentir-se tocado pela melodia, pois as emoções se comunicam em um outro nível de vibração. Sem Netzach, todos os símbolos seriam vazios, descarregados de valor e sentimento e portanto de real significado. Em um Terreiro, são os pontos cantados, as rezas, é todo o sentimento envolvente, é compreender em seu intimo os valores da religião, é sentir vibrar em seu íntimo realmente o que tudo aquilo quer dizer e modificar em si mesmo, é o contato com o Divino através das Emoções. Estar em uma religião seja qual for, sem Netzach é estar apenas interpretando um papel em uma peça de teatro no qual não se quer fazer parte.

Tiferet: A esfera central da Árvore da Vida, a esfera brilhante dourada do Sol, da Magnanimidade e da Essência Divina. Aqui o Iniciado tem contato com o Sagrado Anjo Guardião, com sua Centelha Divina, com seu Eu Interior. Até então ele realizou o trabalho de equilíbrio interno, compreendendo com a emoção e a razão o sentido das coisas, e, o seu próprio sentido. Passando pela Noite Escura da Alma em Yesod e renascendo como o Escolhido na Esfera Solar de Tiferet e está pronto para começar a realização da sua Grande Obra. É a esfera de encontro do Pai com o filho, onde a consciência encontra-se com o seu lado Divino. Atingindo a Beleza da Harmonia de todas as coisas existentes. Essa esfera vai representar o próprio Sacerdote, o pilar central do Templo e o eixo que liga a espiritualidade ao mundo físico, o Sacerdote, que não por acaso nos Terreiros de Umbanda muitas vezes pode utilizar-se de estolas ou lenços dourados (cor de Tiferet) para representar o seu grau. Pois até então ele estudou e sentiu o Caminho, equilibrou a si próprio, passou pelos rituais e recebeu os símbolos, até enfrentar a si mesmo na Noite ou no Interior mais profundo da Terra antes de renascer pela segunda vez.

Geburah: A esfera vermelho sangue do Rigor, dinâmica e poderosa, ela é o próprio motor da criação, a força motriz que impulsiona todas as coisas. Ela é a esfera da Lei, que corta tudo aquilo que não serve mais a essência do Iniciado, purificando e destruindo todo o Mal. Por um lado ela representa também a própria força de Vontade do Iniciado e a responsabilidade pelo poder adquirido, também é a Lei, a Ordem e o Ritmo da criação, que mantém tudo em seu lugar, e o que não está em seu lugar é tirado fora. Dentro de um Terreiro vemos a manifestação de Geburah de diversas maneiras, talvez a mais fácil de perceber seja través da Curimba e do Ogã que mantém o ritmo da gira e o padrão vibratório da linha, também presente no ritmo das passadas e das palmas da corrente mediúnica. De um modo mais sutil Geburah é a Espada da Lei que mantém ou não uma pessoa conectada na egregora, não é difícil notar que quando uma pessoa não está alinhada ela inevitavelmente acaba se afastando do terreiro. É o próprio Rigor agindo. Uma energia muito facilmente percebida em qualquer Ogum.

Chesed: No mesmo eixo horizontal que a esfera do Rigor encontra-se, localiza-se a esfera da Misericórdia, se por um lado o Rigor representa tudo o que deve ser cortado, restringido e ordenado, a esfera de Júpiter representa tudo aquilo que é abundante e toda a visão do Reino com suas possibilidades, é o próprio Santo Graal que emana bênçãos a quem o busca. Dentro da dinâmica de um Terreiro eles representam as próprias linhas de trabalho em si. A manifestação dos guias na matéria, os trabalhos realizados e as bênçãos geradas e alcançadas. É a multiplicidade da manifestação da espiritualidade dentro dos Arquétipos das Linhas de Trabalho, dentro daquele Templo, daquela unidade.

Daath: A esfera do Conhecimento, é a esfera invisível da Árvore da Vida, sendo cruzada ao meio pelo Véu do Abismo separando o mundo da dualidade do mundo Uno do Espiritual Superior. Ela é ao mesmo tempo o Conhecimento Ancestral de todas as coisas que negamos, ao mesmo tempo que é tradicionalmente representada pelo grande desafio que deve ser superado pelo Iniciado. É o próprio portal para o Abismo, os Infernos e para os Demônios, guardado pelo(s) Guardião(ões). Em um Terreiro, é possível perceber a influência desta esfera através da existência da própria Tronqueira, onde ficam assentadas e firmadas todas as forças de esquerda de um terreiro. O local em resumo serve para absorver todas as cargas negativas e demandas e funciona como uma espécie de para raio astral, possuindo também seus guardiões que lidam e trabalham com estas energias, impedindo que elas influenciem todos os trabalhos que estão sendo realizados, reconduzindo-as aos seus locais de merecimento.

Binah: A esfera no topo do pilar da Severidade, a Grande Mãe, o Grande Útero gestor. Seu nome em hebraico é Entendimento. Ela gera dentro de si toda a ideia de realidade, tudo o que concebemos está dentro de Binah, ela é a Casa de Deus, é onde as múltiplas idéias de todas as cores que emana constantemente de Hochma é capturada e gestada para dar origem a uma nova realidade. Nas lendas e nos mitos ela é a Primeira Mulher, mas representa em si o próprio principio feminino e receptor. Em um Terreiro, essa esfera é concebida como o Próprio Espaço Sagrado ou Mágico, onde dentro irá se manifestar todas as cores da espiritualidade. Pode ser vista como a própria Corrente Mediúnica, onde do lado de dentro, haverá a manifestação dos guias e das entidades. Ou dentro de um fractal maior, o próprio Templo. Ou ainda todo o código de Leis da Umbanda.

Hochma: A esfera no topo do Pilar da Suavidade, o Grande Pai Celestial. Seu nome significa Sabedoria, ela representa o Caos das infinitas possibilidades dentro de todos os infinitos universos que emanam do Principio Criador, Hochma é a primeira esfera que se manifesta após o TODO. Dentro de um Terreiro ela é a própria Espiritualidade, a própria presença Divina manifestada dentro das infinitas possibilidades, antes mesmo da manifestação dentro dos arquétipos. Se não existisse Hochma nunca existiria a manifestação de guias novos ou mesmo de linhas novas, é Hochma que trás o elemento novo e original para dentro da Umbanda. Hochma existe independente do Terreiro (Binah) e é comum a toda Umbanda, ela representa todos os guias de todas as linhas de trabalho de todas as vertentes de todos os Orixás existentes capazes de se manifestar ou não.

Kether: A Coroa, “acima do corpo, mas não faz parte do corpo”, ela é o próprio Princípio Criador de onde toda a Criação emana. O Grande Branco e suas emanações ganharam diversos nomes dentro das mais variadas tradições e religiões. Allah, Grande Arquiteto do Universo, Deus, Olorum, Deus Pai Criador, TAO, seu nomes são tão variados quanto os povos da Terra, mas representa aquele princípio inefável e puro. Dentro da Umbanda é o próprio Olorum, Deus Pai Criador, de onde todos os Orixás e Divindades são manifestações vivas e divinas. Pode também ser vista como Aruanda. E no microcosmo do Terreiro, é o próprio Altar principal, o Congá, de onde irradiam todas as energias para o Templo.

Espero que isso tenha esclarecido um pouco como a Kabbalah e as Sefirot funcionam de um modo mais pratico, e da próxima vez que forem em um terreiro, tenham uma outra visão do conjunto.

Até a próxima.

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