domingo, 29 de abril de 2018

Rainha das Ondas, Sereia do Mar...

Exibindo um longo cabelo preto, pairando sobre as águas salgadas e
trajando o mais belo azul celeste. Mãe Iemanjá abre os
braços e deixando cair de suas mãos espalha pequenas pérolas que trouxe consigo do fundo do mar.
Assim é a concepção que a Umbanda tem da Rainha do mar, lembrando que essa é única imagem genuinamente umbandista onde devemos à ela boa parte da popularização da orixá.
Isso é tão evidente que encontramos pessoas que sabem que essa imagem se refere a uma orixá a qual chamamos de Iemanjá, no entanto não fazem a mínima ideia do que é Umbanda.
Os braços de Mãe Iemanjá é tão compassivo e agregador que aconchega todos os seus filhos e os que nem imaginam o que ela significa, mas mesmo assim sentem esse axe ao se deparam com a sua representação.
Sendo assim, tem quem deposite sua fé, voltando-se para imagem da orixá sem saber da sua história ou origem mas, que sente seu amparo e a ternura que só uma mãe pode emanar.
Origem
Várias são as versões sobre o surgimento do quadro de Iemanjá que originou as imagens que vemos hoje nos templos de Umbanda. A primeira delas, descrita no livro História da Umbanda no Brasil, Vol III, de Diamantino Fernandes Trindade, é a versão do escritor José Beniste onde diz que ela foi criada na déc de 50 quando o marido da Dra. Dala Paes Leme como forma de homenagea-la mandou pintar um quadro com suas feições.
Na pintura que possui uma semelhança inegável com as imagens populares da orixá, a mulher pintada possui traços de cabocla, estatura média a alta e é morena.
A esse quadro foi atribuído o início das festividades de Iemanjá no fim do ano nas praias do Rio de Janeiro.
Diamantino destaca no livro também uma outra versão, na qual a senhora Dalas teria tido uma visão dessa figura e pediu para que um artista (desconhecido) à pintasse.
Ela mesmo era parte integrante da “Comissão de Divulgação da Imagem“. Sim, existia uma comissão que tinha como objetivo divulgar a pintura e que organizava procissões com o quadro por entre os terreiros da época e que a mesma senhora Dalas que presidia.
A partir dessas iniciativas e em razão do esforço de diversas entidades em divulgar a imagem de Iemanjá que várias outras representações semelhantes foram reproduzidas dentro dos terreiros e em diversas manifestações populares até se chegar a amplitude e a forma que vemos hoje.
No livro de Diamantino também encontra-se um trecho da matéria o Jornal de Umbanda, n. 78, de abril de 1958 que registrou a presença do quadro nos terreiros de Niterói:
“No dia 21 de fevereiro a Tenda Tujupiara fez levar em bela procissão à noite, sob as luzes de milhares de velas, com enorme acompanhamento o referido quadro (de Iemanjá) para o Centro São Sebastião, sito à Travessa Filgueiras, no bairro do Fonseca e que obedece à direção material do irmão Custódio seu presidente e que tem como Babá a irmã Maria de Oliveira. Ofereceram os componentes deste conceituado terreiro uma magnífica manifestação à chegada do quadro e a todos que acompanhavam a procissão.”
A pesquisa levantada e tratada no livro leva em consideração periódicos da época e fatos ocorridos nessa fase da religião. Para quem deseja se aprofundar e saber mais sobre essa história bem como a popularização da festa de Iemanjá indicamos o acesso ao livro supracitado e ao curso Teologia de Umbanda que dedica um módulo a história da religião e suas vertentes.
Retirado de Jornal de Umbanda.

domingo, 22 de abril de 2018

SENHORA DAS MIL FACES DA UMBANDA!


Retirado de Jornal de Umbanda.
Escrever sobre a Umbanda não é tarefa para leigos, repórteres ou curiosos. Estes, por falta de percepção, sensibilidade ou de conhecimento enxergam a Umbanda como um emaranhado confuso de práticas oriundas das mais diversas religiões.
Jamais pararam para se perguntar por que um culto, por eles mesmos tratado como fetichista, pode atrair milhões de pessoas. Diriam até que seria pelo aspecto etnocultural das mais diversas classes socioculturais.
Que mistério há por trás desses ritos que consideram confusos e destituídos de bom senso? Por que tantos a atacam?
É preciso conhecer seus aspectos fenomênicos, magísticos, mediúnicos, ritualísticos, doutrinários e filosóficos, nas suas causas.
É preciso também que se tenha um vivencial do dia a dia de seus Terreiros e Templos. Raros, raríssimos são os que têm essa experiência.
Enquanto a Umbanda se abre em um leque de mil cores, muitos se interessam apenas pela qual se afinizam, certos de que é a melhor.
Outros pretendem impor um determinado ritual porque é aquele que lhes trás mais benefícios, principalmente financeiros. Quem quiser, apenas de longe, saber o que a Senhora das Mil Faces representa para o povo brasileiro, basta ver o que acontece nas praias na passagem do ano.
Lá se encontram ricos, pobres, brancos, negros, amarelos, vermelhos, mestiços, todos juntos, acendendo suas velas e ofertando flores a Iemanjá, pedindo que o ano lhes seja propício. Esta manifestação colossal é peculiar, é própria da fé ou da mística umbandista.
Muitos se aproximam da Umbanda, pois pressentem sua força, sua magia, seu poder de transformação.
A Umbanda aceita e respeita as necessidades de cada grupo naquilo que os faz sentirem-se unidos ao Sagrado.
Por isso Ela parece tão variada em suas manifestações, pois cada unidade-terreiro exprime com fidelidade as necessidades daqueles que ali acorrem. Para muitos, esta maleabilidade é confundida como uma mistura desconexa, mas na verdade apenas traduz, em seus aspectos mais profundos, um motivo: atingir a síntese do conhecimento humano, lembrar a todos que como Caboclo, Preto
Velho e Criança.
Também somos espíritos eternos e imortais e que cada existência nos serve de aprendizado e aperfeiçoamento para vidas futuras, caminhando rumo à nossa realidade espiritual. Esta é a Umbanda de Todos Nós. Por isso repito: escrever sobre a Umbanda não é tarefa para leigos, repórteres ou curiosos. O que nós umbandistas oferecemos para que os leigos e os nossos detratores nos ataquem diretamente ou à socapa?
Dentre outras coisas, oferecemos nossa vaidade explícita de diversas maneiras: com roupas extravagantes, com dezenas de guias no pescoço, por exemplo. Muitos cantam aos quatro ventos que seguem os ensinamentos de Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Para estes ficam as perguntas:
– Por que usar roupas extravagantes se eles diziam que a roupa devia ser branca?
– Por que tantas guias se eles diziam que uma única guia era suficiente?
Então, o que vemos é um discurso diferente da prática para alimentar a vaidade, câncer que corrói a maior parte da
humanidade.
A ânsia pelo poder temporal dentro dos Terreiros e organizações umbandistas mostra que a maioria ainda não conseguiu aplacar dentro do peito o egoísmo.
As futricas e a maldade são alguns dos pratos do dia nos Terreiros, onde deveríamos estar apenas para praticar a caridade e evoluir espiritualmente.
Oferecemos farta munição para os nossos detratores e depois nos queixamos dos ataques. Não seria hora de rever nossos conceitos e ações para que a Senhora das Mil Faces possa continuar a nos prodigalizar com seu manto de amor caridade?

domingo, 15 de abril de 2018

ENCONTRO COM IEMANJÁ!


Retirado de Jornal de Umbanda.
Viver a vida sem máscaras, ser simplesmente você mesmo, ter coragem de se entregar ao universo, e a consciência de ser o todo diante da imensidão da existência. Foi nessa sensação de entrega total, que vi diante de mim a mãe da vida Iemanjá. Vi sim, com os olhos da alma. Momento este, que perdi totalmente o sentido físico da vida.
Só minha alma existia na força do amor daquela mãe. A maior e mais poderosa de todas as mães. Sua presença ativou em mim, o que mais a vida tem me cobrado, força para encarar minhas sombras e assumir minha verdade.
Vim buscar na Umbanda um caminho que me levasse à verdade, pois, minha fé dizia que ela me libertaria de qualquer mal. Encontrei
muito mais que isso.
Encontrei o amor verdadeiro e libertador.
No sábado, 10/12/16, me preparei para ir a
uma festa, festa de Iemanjá.
Só não imaginei que fosse ter um encontro pessoal e único com a “anfitriã”. Foi fantástico. E como disse Pai Alexandre Cumino: “Ela veio até nós, na praia”. Não precisamos ir até o mar. A maré subiu e “Ela veio até nós”. Durante a festa, a emoção irradiava para todos como as ondas do mar.
E assim, descrevo a minha vivência como umbandista apaixonada que aprendi a ser.
Mãe Iemanjá expandiu um pouco mais minha consciência para que eu pudesse entender a transformação planetária que estamos
vivendo.
É preciso abrir o coração para encontrar a Paz e a Verdade no meio do caos, pois nós mesmos criamos o caos em nosso interior e exterior. Agora, resta-nos através do amor e paciência, colocar a casa em ordem. Reconhecendo e aceitando ajuda dos Guias, Mestres, Mentores e Orixás.
Gratidão aos irmãos e irmãs que ampararam meu corpo físico enquanto meu espírito vivenciava esse grande encontro e aprendizado.
Gratidão a todos os Orixás, gratidão à Umbanda que a cada dia proporciona um novo sentido a minha VIDA!
Salve a Umbanda!

domingo, 8 de abril de 2018

SENHOR EXU QUEBRA MAR:



Mais uma vez, muita gente, não? Mais uma vez, ser um
exemplo para outros que vivem isolados, como se a sua tenda
fosse sua propriedade e não da religião.
A tenda que pertence aos seus dirigentes, pertence à religião.
O dirigente que não entender isso é um infeliz. A tenda pertence à religião. A religião é maior que todas as tendas juntas, porque quanto mais tendas vierem, maior será a religião.
E vocês estão de parabéns, porque a Senhora do Mar, que tem todas as tendas diante dela hoje, essa foi a mais abençoada, podem ter certeza disso, pela vossa união, onde todos se mostram iguais e
ninguém é superior a ninguém. Tem que ser assim a religião, porque, se não, ela não prospera. Ela fica fechada em pequenas aldeiazinhas, onde o egoísmo impera e não a generosidade.
Religião nenhuma cresce onde há o egoísmo, tem que haver a generosidade entre seus praticantes. Porque ali prospera, sendo generosos nas suas tendas.
Ajude o próximo sem esperar nada em troca, porque quem vai compensá-los não é da terra. A recompensa da terra é passageira e você não pode levá-la para o outro lado. Mas a recompensa da Senhora do Mar, essa você leva, porque ela está no teu espírito.
É a benção dela, para que você se sinta abençoado. Lembre-se disso, não seja egoísta na sua tenda. Seja rigoroso, mas não egoísta.
Seja duro com os médiuns relapsos, mas não egoísta.
Não queira pra você o que não lhe pertence, mas não negue ao Pai o que pertence a Ele, porque tudo é Dele. Tudo pertence a Ele, inclusive vocês, donos de tenda. Lembre-se disso, a tua tenda pertence à tua religião. Ela é tua religião. Ela não é teu castelo, onde você é o senhor. Mas ela é o Templo onde você é o servo do Senhor.
Aqueles que entenderem essas palavras serão dirigentes muito melhores. Aqueles que não entenderem continuarão a mesma coisa,
mesquinhos e egoístas. E o mesquinho e egoísta só atrai mesquinhos e egoístas. E o generoso só atrai os generosos. Lembrem-se disso!
Isso que vocês fazem aqui é único. Ninguém consegue fazer. Ninguém quer tirar o cocar de chefe, ninguém quer ser índio. Todo
mundo quer ser chefe, quer estar na frente mostrando sua vaidade,
esquecendo que o que está perto dele é o auxiliar direto dele e, se
crescer através dele também vai ser grande e irá torná-lo maior ainda.
É assim que meu médium cresce, deixando todo mundo crescer à
volta dele, não negando a ninguém a possibilidade de crescer e cumprir o que tem que cumprir nessa terra com as suas forças. É assim que tem que ser e é assim que sempre foi e é assim que sempre será.
O egoísta só vai atrair egoísta, o generoso vai atrair generoso. É a Lei da afinidade. Por isso todos vocês vêm aqui, porque meu médium é generoso.
Ele quer que todos cresçam, porque, se todos crescerem, aí sim, ele
cresce; porque, se não crescerem, ele não cresce também. Lembrese disso, faça crescer os que estão à sua volta. Faça crescer aqueles que dependem da sua ajuda para eles crescerem. Seja você o adubo que vai fazer eles crescerem à sua volta, porque a sombra dele vai refrescar você.
E aquele que não crescer nada à volta dele vai ficar exposto ao sol
escaldante. Quem está exposto ao sol escaldante morre ressequido
da alma. A alma perece, porque lhe falta a sombra dos que cresceram à sua volta. Muitos de vocês hoje já são grandes dentro da religião e conservam aquilo que o meu médium nunca deixou de
ter: - A humildade! Eu, mais uma vez, fico agradecido a vocês por virem até aqui no meu domínio, porque meu domínio é esse, é a terra. Eu não domino lá na água, eu domino aqui na terra, eu atuo através da terra, por isso eu sou Quebra-mar.
Só a terra quebra o mar. Sejam vocês quebra-mares, contenham as
águas revoltas, sendo terra firme para aqueles que se achegarem a
vocês encontrem um solo firme, mas fértil. Faça crescer a tua religião, faça do teu templo um templo da religião, e não seu.
Não diga “esse é o meu centro”, e sim, diga “esse é o centro da
minha religião”. E todo aquele que vier dentro dele está na minha
religião, sinta orgulho disso. Sinta orgulho disso!
Porque a Umbanda põe todas as pessoas em contato com o plano
espiritual, tanto o superior, quanto o inferior. Siga para o superior
quem é superior, siga para o inferior quem é inferior, mas não diga
que não entrou em contato com o poder do plano espiritual.
Portanto, volte-se para a Senhora do Mar, que Ela está de frente
para vocês, e elevem os vossos pensamentos, e façam diante Dela
os seus atos de fé e se consagrem à sua religião. Podem se virar
para ela, porque ela esta diante de vocês!
Eu sou Exu Quebra- Mar!
MENSAGEM DO SR. EXU QUEBRA-MAR,
INCORPORADO EM RUBENS SARACENI NA
FESTA DE IEMANJÁ 2013 – AUEESP

domingo, 1 de abril de 2018

SER UMBANDISTA


Alexandre Cumino em JUS mar/17

VIVEMOS NO PAÍS mais católico e
mais espirita do mundo, o que por si só,
 já é uma contradição.
Cerca de 70% da população se diz católica e cerca de 60% crê em
reencarnação. Somos um pais de católicos não pratic
antes, algo
inédito no mundo, um pais onde sua religião é um rotulo (etiqueta)
que se coloca em você por meio de um ritual chamado “batismo”.
Mesmo que você nunca vá à Igreja Católica e não concorde com
nenhum de seus valores e dogmas, ainda assim se considera
“católico não praticante” pelo simples fato de que foi batizado.
Por quê isso acontece aqui no Brasil? Pelo fato de que o batismo
assegura que as crianças estão protegidas do inferno e caso venham
a morrer não vão para o “limbo”. Da mesma forma, deixam
de ser “pagãs” e “hereges”.
Mesmo que ninguém
saiba, teologicamente,
o que
quer dizer “inferno”,
“limbo”, “pagão” e
“herege”; todos tem
certeza que isso é
ruim e te condena
em vida e após a “morte”. E assim temos a receita de como manipular
os números e fazer crer a toda uma população uma identidade
de uma religião que não é praticada nem por 10% destes 70% que
se denominam católicos.
Religião não é um rótulo e sim alguma coisa que você crê e ou pratica.
Confunde-se ser católico com ser cristão, acreditar em Cristo.
Há um outro obstáculo ainda para a construção da pertença e
identidade umbandista: poucas pessoas sabem o que é Umbanda
e, ao se afirmar umbandista, é preciso explicar o que é isso. Muitas
pessoas não estão a fim de ficar explicando o que é sua religião e,
aí dizer que é “católico não praticante” encerra o assunto.
Outros preferem dizer que são espiritas, afinal a Umbanda trabalha
com espíritos, logo sou espírita, certo? ERRADO!
Embora os primeiros umbandistas
se auto intitulassem
espiritas há um contexto
de época para isso.
O espiritismo foi aceito e
regularizado muito antes
que a Umbanda e assim,
naquela época, afirmar que
se era espirita fornecia um
status legal e social.
No entanto, de fato e de direito, ser espirita é seguir a obra
codificada por Allan Kardec, na qual não se aceita ritual, magia,
divindades, altar, velas, símbolos e etc. entre outras coisas que
se chocam com a Umbanda.
E neste quadro, no panorama da religião, o que temos são praticantes
(médiuns, cambones, ogãs etc.) e frequentadores assíduos
e habituais, que em boa parte acreditam, participam e seguem a
Umbanda mas não assumem esta identidade religiosa.
O que falta para
assumir identidade
e pertença religiosa Umbandista?
Para muitos falta ser batizado na Umbanda, por acreditar que só
um ritual pode trocar sua “identidade ou pertença sobrenatural”.
Não sabem que na maioria das religiões; como Judaismo, Islã e
Budismo; nem existe ritual de batismo, o que é uma marca do
cristianismo e das religiões cristãs.
Embora a Umbanda, em sua maioria de templos, se considere
cristã e adote o ritual de batismo; ser umbandista é apenas sentir
afinidade, praticar e/ou frequentar a Umbanda. Ser Umbandista
é crer na Umbanda, apenas isso e simples assim !!!