No começo do mundo,
eram as mulheres que mandavam na terra
e eram elas que dominavam os homens.
A mulher maneja o homem com dedo mindinho.
As mulheres o poder e o segredo.
Iansã tinha inventado o mistério das sociedade dos egunguns,
A sociedade de culto aos antepassados,
e os homens estavam sempre submissos ao poder feminino.
Quando as mulheres queriam humilhar seus maridos,
elas se reuniam com Iansã debaixo de uma árvore.
Inação tinha uma macaco ensinado.
Elas o fazia aterrorizar os homens.
Sim, mandava que ele fizesse coisas para assustar os maridos.
Quando viam ali na árvore
o macaco fazendo as coisas a mando de Iansã,
os homens se apavoravam
e se submetiam ao poder feminino.
Finalmente, um dia
os homens resolveram acabar com aquela humilhação
de estarem sempre submissos ao poder se suas mulheres.
Os homens consultaram Orunmilá
e ele mandou fazer um ebó.
O sacrifício era de galos, uma roupa, uma espada, um chapéu.
Ogum era quem deveria levar o sacrifício,
a ser oferecido sob a árvore das mulheres.
Ogum foi bem cedo à árvore,
antes da chegada das mulheres.
Ali ofereceu os galos,
vestiu a roupa e o chapéu e empunhou a espada.
Quando as mulheres e viram aquele homem forte
vestido como um poderoso e armado até os dentes,
exibindo as quatro ventos seu porte de guerreiro,
elas saíram a correr e a correr num pânico incontrolável.
A vista do homem assumindo o poder era terrificante.
As mulheres não suportaram tal visão.
Iansã foi a primeira a fugir de espanto.
Uma das mulheres, de medo, correu tanto
que desapareceu da face da terra para sempre.
Desde este dia o poder pertence aos homens.
E os homens expulsaram as mulheres das sociedades secretas.
Porque a posse do segredo agora é dos homens.
Iansã, no entanto, ainda é a rainha do culto dos egunguns.
Mito e imagem extraídos do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi
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