domingo, 17 de agosto de 2014

Por dentro de um Templo de Umbanda

Saudações!

Comecei a frequentar um Templo, ou como normalmente é conhecido, um Terreiro de Umbanda, já faz mais ou menos dois anos, e como membro do corpo mediúnico, a mais ou menos 1 ano, muito pouco tempo diga-se de passagem, mas o aprendizado é realmente enorme e gostaria de compartilhar um pouco do dia a dia de um Templo, mostrando um pouco mais da visão de quem está por dentro. Iniciaremos então, pelo próprio local, o Templo.


Um templo de Umbanda é acima de tudo um local sagrado, um ambiente que merece conservação, admiração e acima de tudo respeito. Sendo um Templo ele indica um local próprio para práticas religiosas, e por tanto, como um local da manifestação do Divino no mundo dos homens.

Umbanda é uma religião mágica e simbólica por natureza, na Umbanda tudo tem fundamento, seus símbolos possuem uma razão, um significado para ser e estar, e não poderia ser diferente com o seu Templo, a manifestação física do espaço para a manifestação do espírito para a caridade. É dentro de um Templo onde ocorrem as giras, mas antes de falarmos sobre elas, vamos a uma rápida explicação sobre os principais locais presentes dentro de um Templo de Umbanda.

Temos o Congá, ou Altar: Todo Templo de Umbanda possui um Altar a vista de todos, onde ficam as velas, imagens dos orixás ou santos que os representam (umbanda é uma religião sincrética). Seu objetivo principal é o de formar um ponto de força poderoso no local, servindo como portal irradiador de energias positivas facilitando o contato com esferas espirituais superiores, o congá é a representação viva da força dos Orixás, dos mentores da casa, da natureza e de todas as linhas de trabalho. Interessante também dizer que muitas vezes há além de um altar maior e principal, alguns outros menores, também com seus significados, imagens e elementos irradiadores.


Temos também, a Tronqueira, que está diretamente ligado aos Exús e Pombas-giras, e aos quais por si só possuem seu trabalho muitas vezes mal interpretado. Mas deixarei um post futuro apenas para falar sobre eles.

A tronqueira é um ponto de força de esquerda firmado no templo que os Guardiões e Guardiãs utilizam para
os trabalhos de limpeza ou proteção da casa, servindo como uma espécie de “para-raios”, um portal que impede forças hostis de se servirem do ambiente religioso de forma deturpada, atrapalhando o bom andamento dos trabalhos. Também sustenta um forte campo energético que se mantém no astral em torno do templo, além de servir como área de contenção, mantendo ali espíritos trevosos/kiumbas, que as vezes acompanham os consulentes, ou então capturados durante ataques espirituais que a casa possa vir a sofrer, e ali eles ficarão até serem socorridos, esclarecidos e por fim encaminhados pelos guardiões e guardiãs para seus locais de merecimento de acordo com a Lei. Vale dizer também, a tronqueira fica em separado das outras forças de direita do templo, isso ocorre pela própria natureza magnética do local que irradia, neutraliza e absorve energias, ele fica em separado para não haver essa mistura energética, podendo assim exercer a função para o qual foi concebido em sua totalidade.

Temos também o local da Assistência que é o local reservado aos consulentes, pessoas que vão ao templo de umbanda em busca de cura para suas dores morais e físicas, em busca de um conselho, ou simplesmente para agradecer e exercer sua religiosidade.

Eles não fazem parte do corpo mediúnico do templo, e portanto ficam em um local reservado para eles sentados em bancos e cadeiras, onde aguardarão sua vez para serem atendidos. É interessante notar que na totalidade dos templos de umbanda, a assistência não mistura-se com o espaço onde ocorrem os trabalhos mediúnicos, a não ser no momento em que adentram o local para receberem seus passes e consultas. Isso deve-se primeiramente para manter a ordem, a umbanda é uma religião e como tal possui um rito estabelecido, é necessário que tenha-se essa diferenciação, caso contrário ficariam todos misturados, e isso tornaria inviável de se realizar um bom trabalho, em seguida, para a separação a devida vibratória, os médiuns da corrente, estão preparados cada um com suas defesas e firmezas pessoais, garantindo-os assim o padrão energético certo para a realização do ritual.

E por fim, dentro dos locais de um Templo, temos o local são de fato realizados os trabalhos, onde ocorre os processos de incorporação, onde enfim ocorre o ritual propriamente dito, este local que costuma ficar em frente ao congá, é preenchido pelos membros do templo imbuídos de concentração e fé, esperando para desempenharem seus papéis.

Para não ficar muito grande dividirei em mais posts essa pequena série sobre Templo de Umbanda, no próximo falarei sobre as funções existentes dentro de um Templo, e suas devidas importâncias para o andamento dos trabalhos.

Axé!
Por Aziehl

sábado, 9 de agosto de 2014

Mediunidade Mal Orientada

A falta de doutrina e de comprometimento que existe, em muitas casas espiritualistas, coloca em risco a saúde física e psicológica dos médiuns.
Para se ter idéia, há casas que iniciam qualquer pessoa que tenha vontade em trabalhos de desenvolvimento mediúnico de incorporação.
E as pessoas que começam a frequentar os trabalhos, por não terem a menor noção do que é certo ou errado, se submetem.
Na verdade, existem casos em que a mediunidade de incorporação nunca vai se manifestar porque o médium deverá desenvolver outras formas de mediunidade.
Consequentemente, tentando fazer incorporar quem não deve, surgem atrapalhações de toda ordem.
A mediunidade deve ser desenvolvida de forma progressiva e individualizada, e o bom desenvolvimento do corpo mediúnico depende muito da firmeza e da competência do chefe encarnado do grupo e do espírito dirigente dos trabalhos.
Na Terra, a esfera material das diversas formas de religião é conduzida pelos encarnados, o que inclui a organização das casas, a orientação das pessoas e até a redação dos textos que explicam os fenômenos espirituais.
É justamente por se tratar de “coisa de humanos” que a religião muitas vezes é deturpada.
Se os espíritos de luz pudessem atuar sozinhos, várias situações inoportunas deixariam de acontecer.
Mas os trabalhos religiosos na Terra precisam da união do plano físico e do espiritual.
Sem o fluido animal dos médiuns, não é possível para os espíritos atuar em nosso nível vibratório.. Daí a grande importância dos médiuns e também da assistência nos trabalhos religiosos.
Quando um dirigente religioso, independente da linha em que trabalhe, se deixa envolver pelo ego, passa a acreditar que é dono-da-verdade e, o que é ainda pior, que é dono das pessoas sua mente se fecha para as orientações do plano espiritual que deveriam orientar sua conduta, porque sua vontade passa a ser mais importante.
Quando o chefe dos trabalhos “se perde”, os espíritos não compactuam com os erros cometidos, mas respeitam o livre-arbítrio de todos. Ficam à parte, aguardando que a situação se modifique para novamente poderem trabalhar com seus médiuns.

As pessoas não ficam desamparadas, mas os espíritos não compactuam com o ego. Há trabalhos que, irresponsavelmente, surgem em função da vontade que têm algumas pessoas de dirigirem grupos. Se uma pessoa resolve iniciar uma sessão, a responsabilidade é dela. Os seus protetores não vão puni-la por isso, mas toda a carga que surge em função dos trabalhos vai ser também responsabilidade dela.
Surgem, em função disso, muitas complicações, para quem dirige e para quem é dirigido. Portanto, não bastando atrapalhar a si mesmo, o chefe deverá arcar com as consequencias do que provoca para o corpo mediúnico de sua casa.
O mesmo vale para quem decide que vai prestar “atendimentos espirituais” ou outros tipos de “trabalho” relacionados, sem as devidas proteções que só uma casa, com os devidos calços, pode ter.
Toda aplicação do dom mediúnico deve estar sobre a proteção de uma corrente espiritual e de uma chefia realmente capacitada.

Infelizmente, em muitas casas sem boa direção espiritual, exerce-se o hábito de desenvolver a mediunidade em pessoas obsediadas, causando-lhes desequilíbrios ainda piores do que a própria obsessão.
São pessoas que, estando claramente doentes, são levadas a abrirem seus canais de mediunidade, irresponsavelmente, a fim de supostamente se curarem.
A pessoa perturbada chega nos trabalhos e é aconselhada a desenvolver… porque tem mediunidade. Deveria procurar entender o que acontece consigo, através da doutrina, e não sair procurando um lugar para “desenvolver” Situações como essa, ocorrem devido ao pouco conhecimento doutrinário dos dirigentes das casas e até dos médiuns que dão consultas, acreditando que estão falando pelos espíritos.

A mediunidade perturbada pela obsessão não merece incentivo.

No aspecto patológico, existem aqueles que, por desequilíbrios neurológicos, se comportam como vítimas de processos obsessivos.
Nestes casos, também é inoportuno o desenvolvimento das faculdades mediúnicas.
Mentores espirituais de casas honestas cuidam de tratar desses processos obsessivos até que os fenômenos cessem, e o enfermo, curado, possa retomar suas atividades normais e, quem sabe, desenvolver sua mediunidade.
Tudo está muito bem, se o médium está preparado, saudável e consciente de que desenvolver a mediunidade é o que realmente deseja e de que realmente precisa.
Por outro lado, se a pessoa está desequilibrada, doente, desenvolvendo algo que nem sabe exatamente o que é, possuir um canal aberto será algo muito perigoso.
Em ambos os casos, haverá a possibilidade da comunicação com o mundo dos espíritos, e um médium despreparado não vai saber identificar, nem filtrar,mensagens boas de mensagens oriundas de espíritos obsessores.

Por isso, desenvolver a mediunidade em quem não está preparado permite que as obsessões se manifestam pelo canal mediúnico que foi aberto, ocasionando demências em diferentes graus.
A mediunidade não é causadora da enfermidade ou da loucura. É o seu desenvolvimento indevido que permite que um espírito obsessor dela se utilize para instalar, na mente de sua vítima, a enfermidade mental.
Pensar na mediunidade como causa desses distúrbios seria o mesmo que culpar a porta de uma casa pela entrada do ladrão. A porta foi somente o meio ou a via de acesso utilizada para a realização do furto, por negligência e desatenção do dono da casa.

Precisamos também conhecer a fadiga mediúnica. O exercício da mediunidade provoca perda de fluidos vitais do corpo do médium e tende a esgotar os seus campos energéticos. Por isso os dirigentes capacitados dedicam especial atenção e cuidado para com os médiuns iniciantes.
É comum encontrar médiuns desequilibrados, atuando em grupos espiritualistas, onde incluem-se até mesmo os brandos trabalhos de mesa kardecistas.

Em alguns casos, o descontrole psíquico pode levar o indivíduo à loucura,principalmente no caso das pessoas predispostas ao desequilíbrio.
Convém que o dirigente espiritual esteja atento à conduta dos médiuns, para perceber indícios de anormalidade.
Mediunidade é uma atividade psíquica séria, e a ela só devem se dedicar pessoas que se disponham a ter conduta religiosa, ou seja, uma moral sadia e hábitos disciplinados.
A prática da mediunidade em obsediados é capaz de produzir a loucura.
A irresponsabilidade e incompetência de dirigentes nos critérios de admissão e instrução de seus trabalhadores pode culminar em demência. Basta imaginar a situação em que uma pessoa obsediada é submetida a entidades hipócritas.
É fácil imaginar que se estabelecerá um processo de fascinação que pode culminar em demência.
Lembremos que a humildade, a dedicação, a paciência e a renúncia são os caminhos do crescimento mediúnico.
O orgulho e os maus espíritos são seus obstáculos.
A mediunidade, assim como todos os dons, possui dois lados.
Se, por um lado, é fonte de abençoadas alegrias; por outro, pode ser também de profundas decepções.
Mas isso nunca deve ser motivo para que alguém desista de desenvolver a sua mediunidade, de cumprir a sua missão, pois ela é simples e gratificante na vida das pessoas que a abraçam como missão de serviço nas legiões do Grande Pai Oxalá.

*Por Jorge Menezes*Fonte : JUS